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segunda-feira, 21 de novembro de 2011

Nossa Senhora de Coromoto


A Padroeira da Venezuela, cuja festa se comemora a 8 de setembro, revela especialmente a grandeza da bondade que vence toda ingratidão ao converter o empedernido cacique Coromoto, harmonia entre majestade e misericórdia.

Valdis Grinsteins


Para o comum dos homens, parece muito difícil conciliar certas virtudes. Como combinar, por exemplo, a bondade e a severidade, ou a justiça e a clemência? A idéia que erroneamente alguns têm é a seguinte: se alguém é bondoso não gosta de ser severo, e deixa correr o marfim para não ter que castigar.
Ora, Nosso Senhor Jesus Cristo reúne em Si todas as virtudes. Logo, se Ele é ao mesmo tempo bondoso e severo, bondade e severidade não são contraditórias, existindo entre elas um equilíbrio que permite serem praticadas pela mesma pessoa.
Para melhor entender como podem coexistir numa mesma pessoa virtudes que parecem antagônicas consideremos a foto ao lado. É da imagem de Nossa Senhora de Coromoto, Padroeira da Venezuela.



A majestade expressa numa imagem…


À primeira vista impressiona o porte de Rainha de Nossa Senhora. Não apenas devido à coroa, mas sobretudo à postura ereta da imagem, que reflete a plena consciência que a Virgem Santíssima tem de ser a Rainha dos Anjos e dos homens. Ela tem o direito de ordenar e manda. Ela reflete como Rainha uma visão superior das coisas, pois sabe como estas se coordenam e como fazer para que tudo se ordene.
Por outro lado, é adequado que Nossa Senhora esteja sentada num trono, e que a Sede do Menino Jesus seja Sua própria Mãe, pois, assim, a mais perfeita das criaturas serve de trono ao Criador. Ela sustenta Seu Divino Filho como Rainha, mas também com a delicadeza de Mãe.
Tudo nesta imagem infunde respeito. Qualquer um que se aproxime dEla é colocado em seu devido lugar imediatamente. Por outro lado, na própria fisionomia da imagem transparece sua realeza. Os traços do rosto são finos, delicados, de grande majestade. Se esta é notória na imagem, o que dizer da bondade?

…mas também bondade de Rainha


A consonância entre majestade e bondade é superiormente explicada num comentário do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira a respeito da imagem: “Ela está com inteira solicitude para quem está diante dEla, e sendo Nossa Senhora tão superior, dá a impressão de que não nota — porque não quer notar — a extrema inferioridade de quem está na frente. Ela nem faz a comparação, e com isto eleva a pessoa à sua categoria. Ela não faz uma análise de quem está frente a Ela dizendo: ‘Você tem culpa’ ou ‘você é ruim’. Ela só faz uma pergunta: ‘O que você deseja? Você é meu filho e Eu tenho misericórdia. O que você deseja?’ É uma pergunta que, por causa do olhar e da pequena propensão da cabeça para frente, é dirigida de tal forma que dá a impressão de ser Ela toda atenção”.
Tal impressão de bondade é ressaltada quando tomamos conhecimento de tudo o que Nossa Senhora fez para converter o índio Coromoto, na Venezuela do século XVII.
“Catolicismo”, em sua edição de novembro/76, já apresentou a seus leitores a maravilhosa história das aparições da Virgem Santíssima àquele cacique indígena. Voltamos agora, no mês em que é celebrada a festa litúrgica da Padroeira da Venezuela, ao mesmo tema, embora sob nova focalização.

Desvelo maternal diante da rebeldia


O cacique Coromoto diante da nova aparição de Nossa Senhora, bradou: “Até quando hás de me perseguir?”
No ano de 1652 o cacique dos índios Coromoto perambulava pelas montanhas da zona de Guanare, na Venezuela, quando uma formosíssima Senhora, sustentando em seus braços um radiante Menino, apareceu-lhe caminhando sobre as águas do rio daquela mesma denominação. A Mãe de Deus dirigiu-lhe a palavra na língua nativa dele, recomendando-lhe que fosse viver junto aos brancos para “poder receber água sobre a cabeça e assim poder ir ao Céu”.
Encantado pela milagrosa aparição, o cacique procurou os espanhóis que colonizavam aquela zona e mudou-se com toda sua tribo para morar no local indicado por eles. Ficou “encomendado” a um espanhol chamado Juan Sánchez, que recebeu o encargo de cuidar da tribo Coromoto e lhe ensinar as verdades da Fé católica.
No início tudo correu bem, pois ainda perduravam na alma do cacique Coromoto os efeitos da visão que tivera de Nossa Senhora. Vários índios foram batizados. Mas, para o cacique, logo veio a provação. Ele abandonou as lições de catecismo e começou a sentir saudades da vida desordenada que levara na selva. Não trabalhava, podia ir e vir a seu bel prazer, não precisava cumprir aqueles mandamentos aparentemente árduos que estabelecia a Religião católica. Ele cultuava seus deuses, quando e como bem entendia. Convertido à verdadeira Religião, devia dominar suas paixões, corrigir seu temperamento, acostumar-se ao trabalho metódico, assistir com regularidade aos atos de culto.
Em sua alma ia se formando uma tormenta instigada pelo demônio, que via escapar de seu domínio aquela alma que antes era sua escrava.
Na tarde do dia 8 de setembro de 1652, o cacique negou-se a assistir aos atos de devoção que Juan Sánchez preparara. Enfurecido, dirigiu-se ao seu bohio (choça), onde se encontrava sua mulher e a irmã desta, Isabel. Ao lado brincava um menino, filho de Isabel. Entrando de mau humor, foi recostar-se, já decidido a voltar à sua vida anterior, e arrastar com ele toda a tribo, que faria apostatar em massa.

Bondade materna vence dureza de coração


É neste momento de suprema revolta que Nossa Senhora aparece-lhe novamente, na porta de seu bohio, em meio a uma luz intensa. Qualquer pessoa, vendo a Mãe de Deus, extremamente linda, boa e maternal, tão disposta a perdoar, teria caído de joelhos e pedido perdão. Entretanto, não foi o que ocorreu com o indígena-cacique, pois o coração humano é capaz de durezas inimagináveis. Pensando que talvez Ela viesse queixar-se dele, o cacique Lhe diz: “Até quando hás de me perseguir? Podes voltar, pois não farei o que me mandas! Por ti deixei minhas terras e conveniências e aqui vim a trabalho!”
Horrorizada com a ingratidão e, ao mesmo tempo, admirada com a Mãe de Deus, a esposa do cacique chamou-lhe a atenção: “Não fales assim com a Bela Mulher, não tenhas mau coração!”
Tais palavras, contudo, enfureceram ainda mais o cacique, que decidiu então lançar uma flecha contra Nossa Senhora. Ao ir pegar seu arco diz: “Matando-te me deixarás!” Mas, neste momento de suprema rebeldia, Nossa Senhora demonstra seu carinho pelo filho revoltoso. Ela entra no bohio e coloca-se junto ao cacique, de tal modo que este não tinha sequer espaço para puxar o arco e disparar a flecha. Mesmo assim o cacique não se comoveu. Jogou arco e flecha no chão e lançou-se contra Nossa Senhora, tentando empurrá-La para fora do bohio. No momento de agarrar Nossa Senhora, Ela sorri e desaparece, deixando nas mãos do índio uma espécie de pedra ovalada, na qual está milagrosamente gravada a imagem da Mãe Deus sentada num trono, tendo o Divino Infante ao colo. É a relíquia que até hoje se venera na Basílica de Guanare, cidade à qual afluem peregrinos de todas as partes da Venezuela.

Na hora extrema, misericórdia sem limites


Depois de tentar em vão agarrar a visão da Mãe de Deus e do evanescimento desta, o cacique Coromoto percebeu em suas mãos a pedra ovalada, com um desenho da Rainha dos Céus e de Seu Divino Filho, que se vê acima
Nem mesmo essa visita de Nossa Senhora conseguiu apaziguar os maus instintos do cacique, que desejava voltar à sua vida selvagem e estava empedernido, ou seja, como uma pedra, nesta resolução. Assim é, por vezes, o coração humano: duro como pedra, impedindo a entrada da graça divina, que o salvaria! Mas… se tão empedernido estava o índio, ainda mais decidida era Nossa Senhora em sua misericórdia!
No dia seguinte ao da aparição, o cacique reuniu os membros de sua tribo e partiu com eles de volta aos montes. Não só abandonou a Fé católica, mas obrigou aos que dele dependiam a fazer o mesmo.
Pouco tempo haviam caminhado de regresso à selva, quando uma cobra muito venenosa picou o cacique Coromoto. Percebendo que morreria em pouco tempo e reconhecendo neste fato um castigo do Céu, por sua péssima conduta em face da Rainha dos Anjos e dos homens, o silvícola começou a arrepender-se. Rogou aos gritos o Batismo, pois sabia que sem “receber água na cabeça” não iria para o Céu, como lhe dissera a “Bela Mulher”. Mas, como conseguir quem o batizasse dentro de 15 a 20 minutos, naquela zona até hoje despovoada? Sua sorte eterna parecia selada! Rejeitou a misericórdia materna quando a tinha à mão! E agora…
Seria não conhecer a misericórdia de tal Mãe imaginar que, tendo Ela se empenhado tanto por uma alma tão ingrata, fosse agora abandoná-la por ressentimento… Pelo contrário, veio Ela em socorro do arrependido, e dispôs que, naquele momento, passasse pelo local um católico da cidade de Barinas. Este ministrou o Batismo, pois em caso de morte ou extrema necessidade qualquer pessoa pode ser ministro desse sacramento.
Nossa Senhora‚ Rainha e Mãe, havia disposto para que tudo corresse segundo a sua incomensurável misericórdia. E para o tão favorecido índio Coromoto melhor não poderia ser, pois {{é sabido que o Batismo apaga todos os pecados da vida passada}}. Assim faleceu ele, arrependido e ordenando aos membros de sua tribo que voltassem para junto dos brancos, a fim de conservar a verdadeira Fé católica. Morreu, e foi contemplar eternamente Aquela que o quis salvar apesar de inauditas recusas e ingratidões.
Basta esse exemplo para se compreender a aliança harmônica, na mesma pessoa, dessas duas virtudes que parecem antagônicas: majestade e misericórdia.
Fonte de referência
Hermano Nectario Maria, Historia de Nossa Senhora de Coromoto, Ediciones de la Presidencia de la República, OCI, Caracas, 1996.
Hermano Nectario Maria, Venezuela Marina, Imprimerie de la Seine, Montreuil, 1930.

http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm?IDmat=6DFA19C5-3048-560B-1C522E9F6EC119A9&mes=Setembro1998

Surpreendentes descobertas na imagem de Nossa Senhora de Coromoto
Novas descobertas: Em um olho, vê-se uma figura humana
Por Nieves San Martín


CARACAS, sexta-feira, 4 de setembro de 2009 (ZENIT.org).- Em uma coletiva de imprensa celebrada nesta quinta-feira, na sede da Conferência Episcopal Venezuelana (CEV), por ocasião da restauração da imagem Nossa Senhora de Coromoto, patrona da Venezuela, apresentaram-se as novas descobertas relativas à diminuta imagem, relacionada com a primeira evangelização desta terra.
Segundo a tradição –informa a CEV em uma nota enviada a ZENIT–, entre finais de 1651 e princípios de 1652, uma Bela Senhora apareceu ao cacique da tribo Coromoto e a sua esposa indicando-lhes: “vão para a casa dos brancos, para que lhes coloquem água na cabeça e assim poderão ir ao céu”.
Depois de atender o pedido de tão bela Senhora, os índios saíram da selva e receberam os ensinamentos do Evangelho, recebendo um bom número deles o sacramento do Batismo.
Contudo, o cacique, ao sentir que havia perdido a liberdade, decide fugir novamente para a selva; na madrugada de 8 de setembro de 1652, a Bela Senhora aparece novamente ao cacique junto a sua esposa, sua cunhada Isabel e o filho desta. Ao vê-la pede que o deixe em paz, dizendo-lhe que não mais a obedecerá. Levanta-se para tomar o arco e matar a Senhora, mas esta se aproxima dele para abraçá-lo, caindo assim suas armas. Decide tomar por um braço a Senhora para tirá-la de seu lar; neste momento ocorre o milagre: a Bela Senhora desaparece, deixando na mão do Cacique sua diminuta imagem.
A partir desse momento, começa uma grande história de favores e milagres, devoção e renovação da fé nesta terra, das mãos de Nossa Senhora de Coromoto. Até que no ano 1942 é exaltada no título de Patrona da Venezuela.
A diminuta imagem mede 2,5 cm de altura por 2 de largura. Através dos 357 anos que transcorreu desde sua aparição, foi exposta a diferentes fatores que haviam produzido seu deterioro.
Por este motivo os membros da Fundação Maria Caminho a Jesus, com sede em Maracaibo, a partir de 2002 iniciaram uma campanha para restaurar os danos que ocultavam grande parte da imagem da Virgem com o menino Jesus. Tal Fundação se fez cargo, junto a Dom José Manuel Brito, reitor do Santuário Nacional de Nossa Senhora de Coromoto, de impulsionar o projeto e contatar o grupo de especialistas que participaram no mesmo, e também conseguir os meios econômicos para financiar o processo.
No início de 2009, o bispo de Guanare José Sotero Valero Ruz, apresentou o projeto à Conferência Episcopal Venezuelana, a qual depois de receber vários diagnósticos sobre o estado da Relíquia, outorgou a permissão para proceder a restauração.
De 9 a 15 de março de 2009, em um laboratório instalado para este processo, na casa La Bella Señora, dentro das imediações do Santuário Nacional de Nossa Senhora de Coromoto, a equipe de trabalho composta pelos restauradores Pablo Enrique González e Nancy Jiménez, acompanhados por José Luis Matheus, diretor da Fundação Zuliana e Dom José Manuel Brito como custódios do processo, iniciaram os trabalhos de conservação da imagem; conseguindo realizar com êxito uma série de descobertas que até o momento eram desconhecidas.
Ao longo do processo, descobriram-se elementos desconhecidos. O primeiro fato que chamou a atenção foi, que uma vez analisadas as águas empregadas no tratamento, o pH mostrou-se ser neutro, fato inexplicável.
Foi detectada a presença de vários símbolos, os quais segundo indagações do antropólogo Nemesio Montiel, são de origem indígena.
Por observação microscópica, conseguiu-se identificar nos olhos da Virgem, de menos de 1 milímetro, a presença da iris, fato particularmente desconcertante pois se pensava que os olhos da imagem eram simples pontos.
Ao aprofundar no estudo do olho esquerdo de Nossa Senhora, pôde-se definir um olho com as características de um olho humano; se diferencia com clareza o orbe ocular, o conduto lacrimal, a iris e um pequeno ponto de luz no mesmo.
Maximizando o ponto de luz, pôde-se observar que o mesmo parece formar a imagem de uma figura humana com características muito específicas.
A coroa da Virgem e o Menino são tipicamente indígenas.
A restauração da Sagrada Imagem da Patrona de nossa Pátria constitui um verdadeiro marco histórico, pois é a primeira vez que a venerada imagem é submetida a um processo como este, que sem dúvida alguma contribuirá a renovação da fé de todos os venezuelanos”, afirma a CEV na nota.
Esta restauração, além de ser expressão do resultado do esforço de uma equipe multidisciplinar, é um chamado a voltar nossas vidas para Deus, e viver o convite que Nossa Senhora fez a nossos antepassados, quando os convidou a reconciliar-se e unir-se como verdadeiros irmãos em Deus, apesar de que as culturas espanholas e indígenas tinham visões e interesses totalmente opostos. É um chamado à fraternidade e à aceitação do outro; é um sinal de esperança, de alegria e de fé. É a comprovação de que apesar das dificuldades, se nos unimos como verdadeiros irmãos, é possível alcançar resultados que derivam em bem-estar para todos”.
E conclui exortando a unir-se na oração: “Virgem Santa de Coromoto, patrona da Venezuela, renovai a Fé, em toda a extensão de nossa pátria. Amém”.
http://www.zenit.org/article-22570?l=portuguese

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